“O edifício é meu, a paisagem é de todos.”
Luís Rebelo de Andrade tem vindo a afirmar um percurso singular na arquitectura portuguesa contemporânea, marcado por uma abordagem profundamente enraizada no lugar, na memória e na paisagem.
Formado pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, iniciou a sua carreira entre a escultura e a arquitectura, o que se revela ainda hoje na forma como desenha edifícios como quem esculpe o espaço. Desde a fundação do seu atelier, em 1989, tem trilhado um percurso onde a natureza, o património e o contexto ditam as regras de cada projecto.
A sua arquitectura parte de um princípio claro: este respeito radical pela envolvente leva-o a propor uma “arquitectura da invisibilidade” — subtil, integrada, que se inscreve no lugar com a delicadeza de quem escuta antes de falar. Cada projecto nasce de um duplo diálogo: um horizontal com o espaço envolvente, e um vertical com a memória e o tempo.
Entre reabilitações urbanas e construções em plena natureza, o seu trabalho distingue-se por procurar mais o equilíbrio do que o protagonismo. Obras como o Parque de Pedras Salgadas, o Hotel de Longroiva, a Casa na Travessa do Patrocínio ou o hotel Art Legacy em Lisboa, mostram uma coerência ética e estética rara, onde a sustentabilidade, a história e a inovação se fundem numa linguagem plural que recusa o estilo como assinatura e prefere o contexto como guia.
Galardoado com o Prémio Rafael Manzano em 2023, Luís Rebelo de Andrade soma ainda distinções como menções honrosas nos Prémios Valmor e Gulbenkian Património, entre outros prémios nacionais e internacionais. Acredita que a boa arquitectura não se impõe, revela-se.
Como no jazz, com que tantas vezes compara o seu processo criativo, não há notas erradas: há notas no lugar errado. A arte está em saber escutar.